"As cenas ferem o espírito humano. Corpos esmagados sob concreto armado; carcaças humanas lançadas em valas; morte que alcança a todos indistintamente; cheiro literal de morte e cheiro de expectativa de morte; gente que vem de longe, cuja língua não se conhece, para documentar a dor daquele que, perplexo, vê seu pranto indizível se tornar conhecido pelos lares do mundo inteiro.
As cenas do Haiti suscitam velhas questões: onde está Deus? por que justamente um país miserável, cuja história é marcada por tragédias naturais e despotismo político, tem que passar por esse apocalipse? Como explicar os olhos atônitos das crianças, a dor dos pais e o desespero de gente pobre?
Tarefa duríssima é tratar desse tema, na perspectiva de oferecer uma resposta, sem que se fira corações já feridos. Por que tamanha tragédia alcança a vida de gente que amamos? Mas, será que amamos?
A miséria desse país é conhecida de todos. Tal como é do saber de todos que há uma África nesse planeta, tal como é do saber dos brasileiros que há um nordeste no Brasil e tal como é do saber dos cariocas que há um Complexo de Manguinhos na cidade do Rio de Janeiro.
Perguntamos a Deus: como foi capaz de acontecer? Porém, é essa a mesma pergunta que Deus faz a nós: como vocês permitem que aconteça? O cristianismo afirma que somos achados culpados pelo Criador por faltar na nossa vida aquilo que julgamos faltar em Deus: amor. O Deus a quem colocamos no banco dos réus, é o mesmo Deus que diz no evangelho de Cristo, que o problema da nossa raça é que desaprendemos a amar.
Um terremoto ocorre. Suas ondas, que se fizeram sentir no solo de um país miserável, deveriam fazer estremecer o coração humano. Isso, porém, de uma tal maneira, que da próxima vez que uma tragédia dessa ocorrer, nos encontre em algum Haiti perto da nossa casa, cuidando daqueles a quem dizemos amar."
Antônio Carlos Costa - http://palavraplena.typepad.com/
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
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